A crença de que microempresas e empresas de pequeno porte (ME e EPP) podem operar sem a assistência de um contador habilitado é um equívoco comum que tem levado muitos empreendedores a enfrentar sérios problemas fiscais e financeiros. Apesar da aparente simplificação do Simples Nacional, a legislação brasileira exige que todo negócio, com raras exceções, mantenha uma escrituração contábil formal, uma tarefa que, por lei, é de responsabilidade exclusiva de um profissional da área.
O Mito do "Negócio Simples"
Muitos empresários, especialmente os que operam sob o regime do Simples Nacional, acreditam que o pagamento mensal do Documento de Arrecadação do Simples (DAS) é a única obrigação fiscal. No entanto, essa é uma visão perigosa e incompleta.
O Código Civil (Artigo 1.179) é claro ao exigir que todas as empresas, com exceção do Microempreendedor Individual (MEI), mantenham uma contabilidade completa, incluindo livros contábeis e o levantamento de Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) anualmente. Ignorar essa exigência não apenas descumpre a lei, mas também impede a empresa de ter uma visão clara de sua saúde financeira.
Os Riscos de Operar sem Contador Habilitado
A ausência de um profissional da contabilidade, devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), pode expor a empresa a uma série de riscos e prejuízos:
Multas e Penalidades: A Receita Federal pode autuar a empresa por falta de escrituração contábil, inconsistências nas declarações fiscais e erros no cálculo de impostos, gerando multas pesadas que podem comprometer a saúde financeira do negócio.
Distribuição de Lucros Tributada: Sem a contabilidade formal, a empresa fica impossibilitada de comprovar seu lucro real. Isso significa que, se os sócios retirarem um valor acima do percentual de presunção do Imposto de Renda (que varia de 8% a 32% da receita), a diferença será considerada rendimento e tributada com alíquotas de até 27,5% na pessoa física. Com um contador, o lucro é comprovado e distribuído de forma isenta.
Problemas com a Receita Federal: A falta de informações contábeis precisas pode levar a malhas fiscais e à fiscalização, onde a empresa terá dificuldade em comprovar suas receitas e despesas. Isso pode resultar em cobranças indevidas de impostos e penalidades.
Dificuldade de Acesso a Crédito: Instituições financeiras e bancos exigem Balanço Patrimonial e DRE para analisar a saúde financeira da empresa antes de conceder empréstimos, financiamentos ou linhas de crédito. Sem a contabilidade, a empresa perde essa oportunidade de crescimento.
Má Gestão Financeira: A falta de um profissional contábil para analisar o fluxo de caixa, custos e despesas impede que o empreendedor tome decisões estratégicas baseadas em dados concretos, dificultando o crescimento sustentável do negócio.
Mais que uma Obrigação: Um Parceiro Estratégico
Ter um contador não deve ser visto apenas como um custo ou uma obrigação burocrática, mas como um investimento na segurança e no futuro da empresa. Um bom contador atua como um consultor estratégico, ajudando a escolher o melhor regime tributário, a otimizar a distribuição de lucros e a garantir que todas as obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias sejam cumpridas corretamente.
Para pequenas e médias empresas, a contratação de um contador é a melhor forma de garantir a conformidade legal, a saúde financeira e a tranquilidade necessária para focar no que realmente importa: o crescimento do negócio.
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